Todos nós nos apercebemos de um fluxo e refluxo das águas do mar junto à costa. Quase sempre duas vezes por dia e com uma relação com o ciclo lunar. São as marés.
Este fenómeno já era conhecido na Antiguidade mas a explicação do facto só foi possível depois de Newton ter formulado a Lei da Gravitação Universal (1687). Qualquer corpo exerce sobre um outro uma força gravitacional que o atrai. A massa do Sol exerce uma força que atrai os planetas contrariada por uma outra força, centrífuga, que permite que aqueles se mantenham na órbita do grande astro. O mesmo princípio aplica-se ao binómio Terra-Lua.
A força exercida pela Lua e pelo Sol atraem a água dos oceanos (e também dos continentes!) provocando o fenómeno das marés. Mas, apesar da imensa massa do Sol, 27 milhões de vezes maior que a da Lua, o facto desta se encontrar mais próxima da Terra faz com que a influência da Lua seja mais de o dobro da do Sol. São as variações das posições do Sol e da Lua que comandam o ciclo das marés. De cada vez que a Lua passa pelo meridiano do lugar o efeito da maré, a preia-mar, só se faz sentir um pouco mais tarde devido ao atrito das massas (água e fundo) e à necessidade de vencer a inércia. Por exemplo, numa lua nova ou lua cheia a maré de maior amplitude só ocorre no dia seguinte, periodo que pode ir até 36 horas e tem o nome de idade da maré. Sempre que a Lua nasce ou se põe, relativamente a esse mesmo lugar, dá-se uma baixa-mar.
Num dado momento há sempre duas marés altas na Terra. A maré directa, no lado que está voltado para a Lua e a maré indirecta no lado oposto.
As grandes marés, ou marés vivas, são aquelas cuja amplitude é a maior do ciclo lunar e correspondem ao momento de concordância das atracções solares e lunares, na lua cheia e lua nova.
O Sol e a Lua encontram-se em quadratura quando as forças atractivas se encontram desfazadas em 90º. É durante este periodo, quarto minguante e quarto crescente, que as marés atingem a amplitude mínima chamando-se assim de marés mortas.
Outras forças intervenientes, como a de outros astros, as forças de fricção entre as massas de água e o fundo, e a força de Coriolis (criada pela rotação da Terra) combinam-se para criar um sistema de ondas estacionárias e progressivas que oscilam ou rodam à volta de pontos nodais. Devido ao limite imposto pelos continentes estes sistemas estão confinados numa bacia oceânica própria. A amplitude, nesses pontos, pode variar de 0 a 15 ou mais metros, mas de uma maneira geral essa amplitude está compreendida entre 0,9 m a 3 m.
Os oceanos Atlântico e Índico têm marés semidiurnas (duas vezes por dia), mas reagem muito fracamente à componente da maré diurna (uma vez por dia). Na Europa as marés são essencialmente semidiurnas. No oceano Pacífico há também duas marés por dia mas com uma nítida preponderância de uma sobre a outra (maré mista).
Todo o fenómeno das marés é de extrema importância, sobretudo quando se navega em águas restritas, já que o calado da embarcação nessas águas pode ser decisivo durante a navegação. O cálculo da das marés é complexo pelo que se usam tabelas para se determinar as horas e alturas das marés. Entre nós e para os portos nacionais são calculadas e editadas pelo Instituto Hidrográfico.
Para se determinar a altura da maré num dado momento usa-se um ábaco (método gráfico) onde se une através de uma recta os pontos das duas horas das marés, e outra unindo os pontos das alturas dessas marés. Faz-se depois uma intersecção do ponto, para a hora pretendida, no gráfico das horas obtendo-se um outro que se faz corresponder inversamente no gráfico das alturas.
Se não tiver um ábaco à mão pode usar a regra dos dezasseis avos que nos diz quer na 1ª e 6ª hora de enchente ou vazante a altura da maré é de 1/16 dessa amplitude; na 2ª e na 5ª de 3/16 e na 3ª e 4ª hora de 4/16 da amplitude. Isto apenas em lugares de marés regulares.
Veja o vídeo sobre "Efeito Maré" no tópico dos videos.
Fontes